Por Raul Petrilli Leme De Campos
Essa dúvida ainda paira sobre as mentes dos profissionais que militam nas unidades de terapia intensiva do Brasil, mesmo cientes de que, na prática realizem rotineiramente esses procedimentos.
Pois bem, de fato no dia a dia de uma UTI, difícil o Fisioterapeuta que não realize a troca, montagem/desmontagem do circuito dos ventiladores mecânicos, sem sequer imaginar se cabe a ele essa função.
E quando será que essa dúvida passe a ter relevância do ponto de vista do funcionamento do serviço?
Intuitiva é a resposta. Somente quando surge algum problema, como por exemplo a montagem de forma equivocada, a não montagem do circuito, ou qualquer situação que implique em algum prejuízo ao serviço, ou pior, ao paciente. Nesses casos simplesmente procura-se o responsável. Pronto!! O conflito estará instalado!!
Não se pode ignorar o fato de que, em uma rotina habitual de qualquer serviço de UTI, o fisioterapeuta execute sem grandes aflições a troca, montagem/desmontagem do circuito do ventilador mecânico.
A grande questão não é se o fisioterapeuta executa ou não tal função (pois isso ocorre), mas sim a pergunta que não quer calar: SERÁ QUE ESSA CONDUTA REALMENTE FAZ PARTE DAS SUAS ATRIBUIÇÕES?
Acerca do tema, houve por parte da ASSOBRAFIR (Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva), consulta junto ao Plenário do COFFITO, Conselho que tem como uma de suas finalidades esclarecer eventuais questionamentos pertinentes à atividade profissional da fisioterapia e terapia ocupacional.
E qual foi a resposta? Para surpresa de muitos, foi negativa. “(...) NÃO É ATRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA A TROCA, MONTAGEM/DESMONTAGEM DE CIRCUITO DE VENTILADOR MECÂNICO”. Tal questionamento teve sua formulação em razão dos eventuais, mas não raros, conflitos entre profissionais de fisioterapia e de enfermagem acerca do procedimento.
A decisão de âmbito administrativo do COFFITO, teve fulcro no artigo 3º da Resolução-COFFITO nº 402/2011, que disciplina a especialidade profissional de Fisioterapia em Terapia Intensiva versando sobre as aptidões do fisioterapeuta que atua nesta área.
O referido artigo é omisso quanto à participação do fisioterapeuta na troca, montagem/desmontagem de circuito de ventilador mecânico, portanto sobre o profissional da fisioterapia não recai a obrigatoriedade de realizar tal procedimento.
A partir desta consulta junto ao COFFITO, a ASSOBRAFIR emitiu parecer no sentido de que a montagem e/ou troca dos circuitos dos ventiladores mecânicos não é função do fisioterapeuta.